segunda-feira, outubro 30, 2006

Branco ou negro, baunilha ou chocolate

Podíamos estar a falar de comida, de chocolates, de sobremesas deliciosas, mas, estamos a falar de trocadilhos venenosos, de linguagem enganosa. Penso que chegou a altura em que, mais do que nunca, as coisas têm que começar a mudar, efectivamente. As velhas frases tais como, "é o hábito", "estava a dizer por carinho", "tu sabes o que eu quero dizer" e por aí fora, já não servem. Pelo menos para mim. Porque não, não sei o que queres dizer! Melhor ainda, sei o que queres dizer e que o queres dizer! E que percebes o que estás a dizer, mas disfarças-te com as tais velhas frases e fica o dito mais do que dito e o ouvido quase que ensurdecido, pois já é de tal dimensão o zumbido deixado pela extensa repetição de tais termos e frases tão "esbatidas", que prefiro morder a minha língua ao ouvir a tua, reproduzindo tais sons vazios de vida. Estou decidida a não ignorar isto. Sempre estive decidida. E tu?

"Brasileiros, Ucranianos e Pretinhos" - expressão de uma amiba(amiga), sobre os invasores e usurpadores dos postos de trabalho da grande empresa, geradora de carreiras promissoras, chamada de "Dia". Pois é, ainda não chegou o dia...
"Desculpa lá, mas elas eram pretas" - declamação/reclamação de outra amiba(amiga), aquando um alegado episódio de assédio, salvo erro, numa loja de chineses... (outros que deixam muitos de "olhos em bico"... )
"Tão giro, parece um macaquinho" - expressão de outra amiba, quando "carinhosamente", ilustrava o seu carácter amistoso e distribuía, generosamente, galhardetes pela plebe.
"Qual, o pretinho?" - expressão de outra amiga (atenção, reparem que esta não me suscita dúvidas sobre a maneira como devo ou não descrever o que vejo quando nela me revejo), quando se falava sobre a última adopção da Madonna, aquela, a vaquinha loirinha? Digo isto com carinho, claro.
"Porque é que não quer este croissant, que é da sua cor?" - pergunta de outra amiba, quando manifesto o meu gosto por croissants menos queimados...
"Tu agora só sais com pulas? Vais ter com os teus amigos brancos?!" - perguntas de outras amibas, estas das menos claras ou se preferirem, das mais escuras, quando aqui, a vossa amiga, fazia e continua a fazer, o que lhe apetecia.
"Se não fôssemos nós, vocês nunca tinham aprendido a comer com garfo e faca" - outra amiba... e acreditem que tudo isto ouvi muito recentemente... (Coitados dos chineses, não tiveram a mesma sorte que nós...)

E podia continuar aqui, com muito vagar, a "despejar" as milhentas expressões e insinuações que para cima de mim despejaram, ao longo desta minha vida e que irão continuar a despejar. Sim, isto não vai parar. Porque é hábito e o hábito faz o monge, porque estando habituadas as pessoas sentem-se mais confiantes e seguras quando pensam que estão a comunicar, mas o seguro morreu de velho e porque quando alguém se insurge, contra tais hábitos e bons costumes, é porque é muito susceptível, porque não aprendeu a lição como deve de ser (afinal, todos tivemos história na escola, e a história é só uma - certas criaturas com qualidades dignas de Deuses e com um destino messiânico, correrram mundo fora, muito levaram à sua frente, pouco deixaram para trás, mas o seu ego, ficou tão grande tão grande, que ainda hoje e, certamente, durante mais uma eternidade, Irão continuar a viver na sombra criada por este ego, também conhecida por, "à sombra da bananeira"...

E digo, em jeito de chorrilho e tudo corrido: o meu melhor amigo não é preto, nem todos os homossexuais são boas pessoas, porque são pessoas como outras quaisquer, logo, não têm nenhuma qualidade especial, prescindo do convívio com pessoas tacanhas, racistas/ discriminatórias, mesmo que "não se sentem ao meu colo" ou porque o que dizem e fazem, é com carinho e derivado do "hábito" e "educação (F)rígida" que tiveram, o meu pai não é branco, eu não sou mulata, nem sou um ser "especial" ou igual a vocês (sejam lá vocês quem forem - os que discriminam, incriminam ou sublimam a questão), o racismo não é como o Alka Seltzer, ele está lá e vê-se nitidamente, eu também tenho caspa, o meu cabelo é comprido, tenho uma juba de leão, quando vou à praia também me bronzeio, visto-me consoante o meu estado de espírito, o meu guarda-roupa ou formação escolar ou gosto musical ou partido político, não define e condiciona o meu modo de pensar nem define a minha pessoa, não me enquadro em nenhuma categoria e fazem-me rir as etiquetas, etiquetadores e coleccionadores de etiquetas (venham elas em roupas ou não), não sou Beta nem VHS e betos são aqueles que não conseguem e nem se atrevem a experimentar coisas diferentes, porque leram em livros ou viram filmes ou ouviram músicas que moldaram as suas pessoas e mentes, tornando-os arrogantemente ignorantes e amargos (e aposto que muitos choram à noite, no escuro, no cantinho do seu quarto, simetricamente mobilado e decorado, de acordo com o Feng-Shui ou o catálogo do IKEA ou AREA - para não estar sempre a bater (só) )no IKEA - racistas do caraças!!!!! :-)), a minha roupa interior é toda da Benetton e os meus sapatos são quase todos comprados na zona da Almirante Reis, quem passar pelo Martim Moniz não é automaticamente assaltado, nem é hipnotizado de maneira a ter como pratos preferidos Caril de Gambas ou Chop Soy de Lulas, gosto de Coca-cola (light!) e se esta é um produto do capitalismo o tabaco...nem comento... e sim, se mandasse no mundo, acabava com o tabaco!!! (faz-me mal, faz-vos mal e cheira mal!!!!) :-), tenho 31 anos de idade e o meu b.i não é falsificado, pois nasci na maternidade Alfredo da Costa (coelheira, como "carinhosamente" o Rodrigo a chama...) e não vim para Portugal para jogar futebol no Benfica ou no Porto e não foram necessárias aldrabices para diminuir a minha idade, se não conseguem adivinhar a idade de certas pessoas, como os "pretinhos", é porque não têm o dom da adivinhação... (e porque, quer queiram ou não, a minha pele é melhor do que a vossa e não fumo e bebo alcóol quando me apetece e não porque é suposto beber-se alcóol quando se sai à noite ou porque se não beberes e/ou fumares, não deves sair à noite), irritam-mse pessoas que estejam constantemente irritadas com fumadores, quando elas quando abrem a boca só dizem horrores e soam a estupores, uma bica sabe bem sem um cigarro e dois comprimidos de dulcolax são mais eficazes do que um cigarro na hora de "enviar um fax"..., de(testo) chocolate branco mas se pudesse, embrulhava o Rodrigo numa embalagem de Galak e tinha sempre uma na mala...se gosto e estudo música, isso não faz de mim, novamente, uma excepção nas Vossas regras, é porque gosto, porque nasci e vivi sempre com a música e porque assim aconteceu (tenho médicos, enfermeiras, advogados, pilotos na família e não me vejo a pilotar um Boeing ou a fazer um triplo bypass (apesar de já ter visto dezenas de episódios do E.R), pratico desporto porque adoro e foi uma das coisas que escolhi seguir da educação Rígida(muita paulada levei) que tive e não devido à compleição da minha RAÇA (Rrauuuuuf, só me apetece ladrar, quando ouço este termo), os portugueses em Angola, fizeram sexo com as "neguinhas" porque não tinham outra opção e homem que é homem, "come" tudo, e não porque "é endémico", "está dentro de nós", como afirma um ex-colega meu de faculdade, cinquentão, "maquinista-lenilista", que esteve em "África", esse "país"... que já foi vosso... e "fome" não passou..., os animais são nossos amigos, excepto aqueles que andam com grandes açaimes no focinho (defensora dos animais, mas não sou estúpida!) e aquele que te diz aquilo que realmente o que pensa, esse sim, é teu amigo, ainda que o consideres um perigo... as avós e mães de irmãos meus, essas sim, são brancas, têm filhos e/ou netos negros, sangue do seu sangue e são discriminatórias, logo, o sangue não é mais espesso que a água, se tens uma irmã preta e és branca, isso não faz de ti menos racista ou tolerante, eu não quero ser tolerada ou posta numa categoria especial, e por isso, frequentei sempre escolas públicas e de ensino normal porque, repito, não sou "especial" e quando existem grandes filas de trânsito, não é porque o condutor é velho ou preto, é porque só consegues ver o teu umbigo e, uma coisa te garanto, se não o limpares frequentemente, só vês é merda... :-)

E ainda digo mais...não quero ser aceite por ninguém. Estou bem com a minha pessoa, sou linda, porra e assumo-me como ser humano, que vai à luta do seu espaço neste mundo, no meu mundo! Porque é meu! E se isso significar que, com esta minha atitude, me arrisco a ir ao fundo sozinha, "na boa, meu". Já lá estive, no fundo e é escuro como brEU. Por isso, amigos e amibas, enquanto não mudarem o curso da história e reinventarem a vossa história, o vosso caminho, mudarem o vosso "háb(l)ito", sereis sempre mais uns pULHAS no meio das Ulhas e por mais crentes que sejam, não há salvação que vos salve. Até prova do contrário, a vida é só uma e o que conta é o que fazemos hoje, amanhã e depois de amanhã. E o que faz de nós boas pessoas, não é o não fazer mal a ninguém, mas sim o bem a alguém. Porque, assim como qualquer um de nós, perante um morto, será sempre considerado uma pessoa activa... aquele cujo caminho não se cruzar com ninguém, será sempre um triste solitário, disfarçado de caixeiro-viajante. E para isso, mais vale não sairem do vosso armário. Fiquem na vossa timidez e não pensem que, lá porque tiraram uma fotografia ao pé de um leão (drogado...kitty kitty kitty) num safari algures em África, são os maiores...

p.s.r (post scriptum de um raio!) - fui confusa? Era para ser. Certas palavras e situações, só fazem sentido, quando são vividas na 1ª pessoa, por isso não peçam desculpa ou pensem que até são bem intencionados, quando nunca irão sentir o que muitos de nós - pretinhos, bichas, panascas, chinocas, "do leste", gordos, anafados, geeks, freaks, retros, intelectualóides, mongolóides, etc - sentimos, porque vocês, sendo coerente com o vosso linguarejar, serão sempre branquinhos... No entanto, digo-vos que, devido a esta realidade que sempre vivi e de acordo com a minha vivência, muito ganhei com estes hábitos e educações de topo. Orgulho-me de ser esquizofrénica sem aspas, sinto-me parte e aparte de tudo e de todos e, caso exista uma próxima vida, sei que vou nascer novamente mulher, NEGRA, mas lésbica, com bigode, serei trabalhadora de uma fábrica de tampas de sanitas e viverei no meio de uma sociedade ainda mais machista que a portuguesa... Ah! E o meu nome... será Maria... das Neves. E as pessoas irão conhecer-me não pela, "linda negra que vem e que passa" :-), mas pela gaja viciada em chocolate branco...e que passa a vida a escrever frases parvas nas portas das casas de banho...

E serei linda, porra!

http://www.funnyplace.org/video.php?id=3154 - uma pequena ilustração...

sexta-feira, outubro 27, 2006

You cannot find peace by avoiding life


Compreendo-te cada vez mais, no entanto, continuo a conhecer-te sempre da mesma maneira, olho e vejo sempre o mesmo perfil. E sei que há mais, muito mais, para ver e viver. Há uma energia revolta dentro de ti, mas que está presa e grita, amordaçada, para ser solta. Quando te olhas ao espelho, à noite, à média luz, procurando ver o minímo possível, não consegues deixar de ver que, atrás, bem chegada a ti, roçando o teu corpo, causando um arrepio na tua nuca, está a tua alma, o teu verdadeiro ser. E as palavras, os cânticos, os sermões, os palavrões que sussuram, são reais e assustam-te. Tens medo que, um dia, e mesmo às escuras, surja um clarão e dás de caras contigo. Passaram-se muitos anos, foram muitas as vivências vividas separadamente em conjunto...mas nunca foram feitas as apresentações.

Please aloud me to introduce myself, ouvirás tu. Quem sou eu?, perguntarás "eu"? E "eu" responderá: Eu? Sou eu... somos "nós" entrelaçados, sou a corda que estica e estica, que me amarra, que era grosseira, mas durou tanto quanto as primeiras galochas que me compraram, quando era menina e moça, por meia dúzia de tostões, mas que estimei até ao seu último passo, pelo meio da chuva, num inverno frio e cinzento. Mas não esperava encontrar-me hoje, aqui e pensei que nunca me iria conhecer. Afinal, por aí fora dizem, "se não se reconhecer algo, a sua existência, é impossível mudar". E eu nunca me conheci, quanto mais reconhecer... E mudar? Mudar o quê? Para quê? Porquê? Por quem? Por ti...e pelo vento que sopra e levanta os teus cabelos e que te faz sentir medo de saber que existes, que estás viva, que mesmo que não queiras, ganhaste, algures, numa raspadinha celestial, o direito à vida. E por vida, entenda-se, a optar, a escolher, a divagar, a errar, a amar, a ser amada, mas sempre na 1ª pessoa. Porque é o "eu" que conta. É uma questão de matemática: eu+o teu eu= tu. eu+o teu eu outro eu= nós... e por aí fora. O "eu" é tudo. E tu, és tudo... E eu choro, por ti. Mas sou "eu" quem chora...

- Why does someone has to die? In your book, you say someone has to die. Why? It does a stupid question?
- No.
- Well?
- Someone has to die in order to the rest of us should value life more. On the contrast.
- And who will die? Tell me?
- The poet will die. The visionary.

Take a bow


aMUSEme
amUSEME
aMUSE
amUSE
a(M)USE
am(USE)Me

garrafas d'água, lenços de papel, lugar estratégico com espaço para dançar e berrar, um gajo para as músicas mais lentas, o carro estacionado fora dos parques e a 5 minutos a pé do local, roupa e calçado confortável e quase duas horas de puro devaneio e adrenalina ao máximo: perfeito. Quase perfeito... "Gira, falhaste! A minha companheira tribal, anda a falhar!". Tirando isso, ou seja, nada, porque eu estava lá, nem que estivesse gravidíssima, foi perfeito...

In a nut shell: SUPERMASSIVE!

terça-feira, outubro 24, 2006

Ele está estendido no sofá...

uma das suas posições favoritas e uma das minhas visões preferidas. O seu corpo, comprido, quase perfeito, contempla a minha melhor fraqueza: o amor que sinto por ele. Daqui, só vejo o contorno da sua testa, alguns pêlos dos seus braços, o único acessório e relógio que suporta usar, as suas calças mais do que usadas e estimadas, um pé muito maior do que o meu, com uns dedos docemente imperfeitos e, usando o seu corpo como poiso, um felino, de costas para mim, de costas para ele e, contudo, gozando da presença de ambos. Agora, assobia. É um dos muitos disfarces da felicidade, um assobio, um som meio metálico, meio frágil, mas que alcança aqueles que mesmo estando tão perto, desejam sempre estar um pouco mais próximos. Queremos sempre mais, achamos sempre que pedimos demasiado, porém, há coisas que nunca são excessivamente boas...e que quanto mais desejadas são, mais cedo ou mais tarde, ainda que durante meras fracções de segundos, conseguimo-las...

Lá fora chove...cá dentro,algo brilha, a temperatura é amena e as persianas estão descaídas. A luz de um candeeiro vermelho, cria a atmosfera perfeita: sombras rasgadas por breves rasgos de luz, vindos lá de fora, do cinzento que não nos separa, que tudo encobre, mas que, com alguma vontade, se descobre...

"If you love a lot, you lie a lot...", canta a Tori...

domingo, outubro 22, 2006

It's time to use the good china

Ontem, ao fazer zapping na TV, deparei-me com o final de um documentário na RTPN, chamado, salvo erro "Tame the beast". Penso eu que este era da BBC e estava relacionado com a grande luta contra o cancro. Falava de vários historiais de doentes com cancro, incluindo pelo menos um médico/investigador, com cancro e sem grandes esperanças. Girava à volta de um mega-hospital - recebia cerca de 150 mil doentes por dia... - e, deveriam ter um laboratório com um vasta investigação na cura/retardamento dos efeitos do cancro. Era uma cidade, o hospital. O fluxo de gente a entrar e a sair, a quantidade de pessoas que entravam nele, procurando a sua salvação, uma mão amiga, um consolo na hora de apoiar um familiar ou amigo, a esperança de um dia ouvirem dizer, como dizia uma mãe, com uma filha pequena, com cancro - "Descobri!", a cura para o cancro.

No pouco que vi, na parte final, o entrevistador perguntava aos pacientes e investigadores, se fosse feito um filme sobre esta batalha, qual seria a cena final, qual seria o desfecho, a mensagem a deixar, a moral da história. E uma que achei extremamente simples, despretensiosa, porém, com uma forte mensagem foi: "It's time to use the good china" (é tempo de usarmos "O" serviço de Porcelana). Ou seja, o velho carpe diem, ao qual acrescento aleas jacta est, a sorte ou os dados estão lançados... Quantos de nós não têm em casa o tal serviço de porcelana, para as ocasiões especiais, a tal garrafa de vinho para aquele dia, aquele vestido lindíssimo para a tal noite, o alugar o carro dos nossos sonhos, só para dar uma volta e sentir como que vendo, fora do nosso corpo, o nosso coração a bater, feliz, descontrolado, mas feliz. E quantos de nós quando usámos pela 1ª vez, ao fim de 2 anos, o tal serviço de porcelana, partimos logo um prato de sopa e partiu-se, ao mesmo tempo, o nosso coração, ou vestido que passado duas semanas já não nos serve, ou a o vinho, que apesar de passado algum tempo, ser esperado que envelheça e enlouqueça os nossos sentidos, azedou... com tanta espera, azedou de tédio...

A vida é feito de pequenos pormenores, de pequenos símbolos, de imagens desfragmentadas, que vamos colando ao longo dos tempos, um puzzle de milhões de peças quem quanto mais cedo começarmos a construir, ganhará algum sentido. É um aperto de mão que se dá a um desconhecido e nos causa tamanho arrepio, é o encostar a cara no vidro de um autocarro, exactamente no mesmo sítio onde milhares de pessoas já enconstaram as suas caras e se deixaram levar pelos seus pensamentos ou, simplesmente, dormitaram um pouco, até ao seu destino, até mais uma paragem, um ponto de saída para eles, um ponto de entrada para muitos outros. Passamos tanto tempo a representar, a tentar que tudo seja perfeito, a fazer "marcações", como no teatro: este fica aqui, aquele senta-se ali, a tia Vitória não pode ficar ao pé da prima em segundo grau Desforra, porque corremos o risco da mãe Esperança ficar verde de inveja, por em tempos ter sido a melhor amiga da sua sobrinha Desforra, quando passavam longos Verões, nas ruas calmas e acolhedoras de Beja, moradia da avó Lembrança...

Aquela mancha de suor ou de gordura, que encontramos no vidro da janela do autocarro, teria tanto para nos contar... Tal como o serviço de porcelana, quando usado vezes sem fim, guarda nos vestígios, nas marcas de tanto ser usado, histórias sem fim, de amor, de tragédia, de comédia, de desespero ou de longos momentos de silêncio, em que não se dizendo uma só palavra, vive-se. O tempo pára, como pura magia, mas a nossa vida avança. E o que é genial, é que quando este, o tempo, recomeça a andar, temos mais uma oportunidade de fazer a nossa vida avançar. Pois o tempo é relativo, mas nós, seres vivos, seres humanos, racionais e emocionais, não somos assim tão relativos. Somos membros efectivos da nossa vida, somos gestores da nossa vida, inventores do nosso passado, criadores do nosso futuro. E o futuro, é hoje. Como já dizia aquele "velho" e ambíguo filósofo português, mais ou menos com estas palavras, "é para amanhã, bem podias fazer hoje"... Ao vê-lo, uma vez, a entrar para um táxi, a minha já extinta Mãe, que tinha bom gosto, não pensou duas vezes e pediu-lhe um autógrafo. Foi um momento giro, para nós as duas, a fedelha e a velhota e penso que também para o "barbudo" (desculpem-me os dois, caso não gostem da escolha dos termos, podem sempre comentar...).

E é assim, que vamos vivendo. E morrendo...

terça-feira, outubro 17, 2006

Sexta-Feira 13

Há toda uma história ou lenda, interessante sobre "Sexta-feira 13" mas, a mim, só me interessa o meu historial com este dia da semana e do mês, que se tornou, mais do que um mero dia, num ser inanimado que nos assombra. Pelo menos aos supersticiosos... Os acontecimentos que aconteceram na minha 1ª Sexta-feira 13, ou seja, como 1ª, entenda-se a 1ª vez que passei a pensar nela como "Sexta-feira 13" e não como o dia que antecede o "Sábado 14"... :-)

Foi há 8 anos, numa Sexta-feira, 13 de Fevereiro, que a minha Mãe faleceu. E....sendo mês de Fevereiro e ano bissexto... passado um mês, no suposto (ou seja, de acordo com os rituais ou cultos da morte Portugueses e não só) dia em que faria 1 mês desde a sua morte, também calhou numa sexta-feira 13. Há dias, comentava, calmamente, ao pequeno-almoço, entre uma trinca num "crescente" e um golo de café, num hotel no Porto, que isto havia acontecido (e, no dia do comentário, tratava-se de mais uma "Sexta-Feira 13"), prontamente, alguém..."exclamou" - "Mas é óbvio que um mês depois, tinha que calhar outra vez numa sexta-feira, visto ter passado um mês..." - fossem os dias todos iguais e teria que ouvir comentários destes, todos os dias, de mês a mês... :-)

Ou seja, para essa pessoa, eu seria supersticiosa mas, acima de tudo, tenho a chamada "mania da perseguição"... Expliquem-me, então, o porquê dos "parte uma perna", "vai à merda", "tói tói", whatever... :-), quando uma simples constipação pode dar cabo de um espectáculo ou, julgo eu, uma perna partida...poderá causar mais estragos do que um simples - " Força, aí!", "Dá-lhe gás!", "Vai-te a eles" ou, "Olha, desenrasca-te, meu!". Expressões tão portuguesas e sugestivas, naturalmente, com menos ilustrações mas mais directas e claras... A menos que, as expressões anteriores tenham surgido no meio de uma troca "clara" de insultos e, para não deitar tudo ao ar, na hora H, criou-se uma nova tradição e passou-se da brejeirice ao simpático companheirismo e solidariedade... Amigos, muitos de nós andamos sobre areias movediças... Parece tudo tão claro, que estamos no caminho certo e, de repente, somos engolidos... e era uma vez...

Annyway, de facto, só em anos bissextos e, desde 1998 e já há algum tempo, obviamente, que tal não acontecia. Factos, são factos. Como dizia o outro, "É elementar, meu caro Watson". A minha 1ª "Sexta-feira 13", não me deixou nenhum trauma ou fobia, continuo a sair à rua e, tendo sido o concerto dos "Novelo Vago", na Sexta-feira 13 passada, continuo a atribuir o insucesso de tal performance "ao departamento competente"... Já na Quinta-feira 12 de Fevereiro, a caminho de 13, em 1998, ano da morte da minha Mãe, fui arrastada ou deixei-me arrastar para o cinema para ver o Titanic...e, para mim, foi uma tortura! Mas para o Cameron, o Caprio e a Winslet, até não lhes correu nada mal. Fumei o meu 1º e já quase último, cigarro da minha vida. Isso sim, foi estranho. Detestei, continuo a destestar, faz-me mal fisicamente e só o seu "fedor"(não levem isto a "peito", cada macaco no seu galho, ou, se preferirem, cada "buraco" no seu "peito"... :-) Para mim é tudo uma questão de respeito (ou seja, cada um faz o que bem entende, ou não, i.e, mesmo que não entenda, I don't care, desde que não leve todos a eito) ... Há uns que se drogam, há outros que são alcoólicos, há outros que enfernizam a vida de terceiros, e eu, nesse dia, achei que algo no meu mundo ia acabar e , como auto-punição ou auto-mutilação, fumei um cigarro... Curioso, pois foi mesmo essa a sensação, o meu pensamento.

E, como não há Sexta-feira 13 sem Sábado 14 (espero que aqui podemos todos concordar... pois eu já espero de tudo...), foi o dia do funeral, dia dos Namorados. Tão querido... o dia dos namorados! Continuo a festejá-lo, mas todos os dias... A Sexta-feira 13, dia da morte e "aniversário", estranho termo, da minha Mãe, continuo a ser por mim relembrado, como sendo o dia final de uma das pessoas que constituem a minha própria pessoa, ou seja, foi um dia em que se foi uma das várias Nina Neves mas, foi também o dia em que nasceu mais uma Nina Neves, tendo permitido que se transformasse em tempos, em Mansinha, depois em Nina Manso e, nos dias de hoje ou em certos lugares muito comuns, Tokitoka... O círculo não fechou, alargou...

Na minha visão relativamente alargada da vida, das minhas vidas, dos meus eus, foi crucial perceber que, mais perigosa que uma "Sexta-feira 13" que, até poderá vir a Bold no calendário, ou numa sala de cinema ou teatro "próximo de si"... é a Quarta-feira 8, o Domingo 21 ou o dia 1 de todos os meses, quando não entra um ordenado na nossa conta bancária. Ou a Terça-feira 25, último dia para concorrer à faculdade e descobrimos que nos roubaram os nossos documentos de identificação e nesse ano, não podemos concorrer à faculdade. Ou que...num belo Domingo 10, um banhista mais distraído, perdeu a sua vida numa das praias mais belas no nosso imaginário real..

Tudo pode acontecer e bem perto de nós, independentemente do dia da semana ou do mês. Nem sempre somos avisados, nem sempre temos uma senha com um número com a nossa vez. E, muitas vezes, somos chamados para assuntos que julgávamos não serem nossos, que já estariam resolvidos, ou para resolver problemas que escolhemos ignorar que existiam, ou reparamos que temos ouvido pessoas dizendo o quanto nos adoram, desesperadamente mendigando o nosso afecto e nunca lhes dissemos o que deviamos, nunca partilhámos o que por elas sentíamos, nunca tivemos coragem de as deixar partir, para mais tarde voltarem ou, sofrer, partindo nós. É que às vezes, torna-se perigoso quando certas coisas ou pessoas tentam sair das nossas mãos e nós não deixamos. Fingimos que não vemos ou reforçamos as amarras, enquanto a vida nos diz que o lugar delas não é ao nosso lado, que apesar do nosso coração lhes pertencer, porque lho demos, ele não é desejado e pede para ser livre e agarrar a oportunidade de poder vir a ser verdadeiramente amado e desejado. O sofrimento também é uma opção digna de vida. É verdade e legítimo. Mas valerá a pena? Silêncio...

Quanto ao que seria necessário dizer às pessoas, durante a nossa vida, também é uma longa história. A 13 de Fevereiro de 1998, muito tinha eu a dizer, já desde 1975... e a 12 de Fevereiro de 1998, senti que já não teria tempo para dizer mais nada, a Sábado 14, "cantei" o que, apesar de dormente, sentia e a Maio, não de 68' mas de 98', iniciei uma nova vida. Dei o grito de Ipiranga e aprendi que, mais do que um grito, são "gritos". A vida vive-se de forma única mas no plural. E que, no meio de tanta pluralidade, de tantas opiniões e opinadores, críticos e criadores, crípticos e irritadores, como é que se sabe de que lado é que está a razão? Como é que se valida, legitima, se proclama como sendo a mais acertada, uma escolha, uma decisão, uma afirmação? Quem é que está certo ou errado? E no meio deste vazio tão preenchido, que sentido faz, procurarmos deixar a nossa marca, no meio desta massa tão disforme e conforme, chamada de mundo...

Queremos todos ser "Procuradores" da verdade, há quem aja de tal maneira insistente, tornando-se inclusivo e oclusivo, ao mesmo tempo. Inclusivo porque abrange, atinge, magoa, contunde, trespassa. Porém, no seu entender, aquando da sua precoce auto-proclamação no exercício de "Procurador" da verdade (precocidade mais próxima da ejaculação precoce do que um desenvolvimento positivamente anterior à altura esperada), este é, na sua mente, expansivo, entusiasta, conhecedor, generoso, o que partilha a sua sapiência. Tal e qual um discurso de um reitor, na abertura de um ano académico... No "Harry Potter", também temos discursos de sapientes, abrindo o ano académico... Mas é pura ficção...e é escrita para todos nós, incluindo as crianças de 10 anos...

Por isso, perguntem-se, quem sou eu para dizer estas coisas? Quem são os Outros para dizerem Outras Coisas? Quem são os Verdadeiros Procuradores da Verdade? Quem é que procura saber realmente a verdade? E se, porventura procurais, a Verdade, estais procurando no sítio certo, na povoação certa? Na pessoa certa? Será que hoje, dia 17 de Outubro, tenhais algo de novo para anunciardes ao mundo? A mim? Aos teus? Ou a ti? Já se miraram ao espelho hoje? O que haveis visto: sombras, riquezas, infortúnios, novos amores, desejos incontroláveis? Uma vontade enorme de viver? Eu, sim... era crescente, a vontade de viver e ser vivida. Até quando, a vontade? Não sei... Mas hoje, é bem real. Amanhã? Continuo a não saber. Mas vou fazer por isso. Como? Talvez não procurando encontre um procurador que conheça um Procurador que procura procuradores que queiram encontrar procuradores que também procuram aquilo que muitos dos Procuradores ainda não encontraram: o sentido desta lengalenga...

"The Good and Evil, the Right and Wrong, were invented by inferior individuals, cause they need them" - The Rope, A.H

And us, what do we need? - N.M

segunda-feira, outubro 16, 2006

"Novelo Vago"....


"Eh, pá, não consigo ver nada... No pasa nada.." Pois é, os Nouvelle Vague... esse mito, agora desvendado, estiveram no Porto, no giríssimo Hard Clube (tirando as casas de banho, que eram de fugir...). E foi tal e qual um "novelo vago", uma embrulhada, a ser vagamente desembrulhada... Eu a querer poupar e gastei 25 euros, para ouvir, nada... Não sendo uma fã ou fanática pelo grupo (porque estava lá um punhado de gente histérica que, provalmente, dirá - foi o concerto da minha vida... Esperemos que a esperança de vida deles seja curta, para não concluírem que, afinal, têm andado de olhos vendados...), achei que seria algo fixe para fazer, numa sexta-feira à noite, no Porto e no H.C. Oh, triste destino... Imaginem o que é convencer (que não foi complicado, foram uns queridos.. :-)), as pessoas mais "complicadas" e fechadas deste mundo (nesta matéria), a ouvirem outro tipo de música que não seja clássica e clássica...e um pouco de bossa nova (é in...e já não é mau), a verem este concerto. Foi tão fácil que, sendo a esmola grande, eu deveria ter adivinhado que algo iria correr mal! E correu: o concerto.

1 - Duas vocalistas, não sei porquê...talvez ignorância minha, mas, no 1º cd, parece-me que só há uma vocalista. Que, digamos, até não estava mal, mas, para os mais "educados" na arte do canto (maldita cruz, em concertos deste género, não nos escapa nada...), percebemos logo que, as "coquettes" estavam em dia não... Muitas chamuças e croquetes no bucho? Muitas visitas às caves do vinho do Porto?
2 - Ainda sobre as vocalistas, a do cd, a de voz de menina naïf e atrevida...quando cantava, levemente, encantava. Nem que fosse por causa de as suas cantorias serem a seguir às da outra vocalista que, imaginem vocês, era o oposto... Parecia que tinha algodão na boca (se calhar vem aí mais uma sequela do Padrinho...), não se percebia nada do que ela dizia e, por vezes, parecia que estava a ter convulsões... Talvez, não sei, seja uma aspirante a Janis Joplin,mas, não desejando mal à rapariga, que a sua carreira seja mais curta do que a da Janis, não tendo nenhum fim fisicamente trágico, porém, um desaparecimento mágico, não faria mal ao mundo.
3 - As músicas....muitas delas, cantadas a abrir, ou seja, duração inferior à do cd... e, uma boa parte, quando cantadas pela Janisssssss...faziam a minha cabeça rodopiar ao estilo "Carrie". A única coisa que se percebia perfeitamente, na voz da Janissssss, era o "too drunk to fuck" e os meu colegas, diziam - eu estou a perceber "too drunk to fuck!".... E eu: pois...é mesmo assim, a letra. Desta vez, não é uma convulsão...
4 - O concerto que, começaria às 21h (com desconto, poderia ter começado às 21h30), começou às 22.15, more or less...e perto das 23h....já diziam que iam cantar a última música....E, sendo as músicas deles cantadas em versão fast forward...imaginem os encores... (claro que,dispensávamos os ditos encores...)
5 - Fiquei sem vontade de comprar o último cd, fiquei a "adorar" a Janissssss.....ssssss....gastámos imenso dinheiro...(somos artistas, logo, somos pobres...) legitimei a postura dos meus caros comparsas de: "quando ouço música alternativa ou qualquer música que não seja clássica, passo à frente...) e só me apetecia estar "too drunk and go to fuck"... que sempre sai mais barato e, com a pessoa certa, é prazer garantido... Saímos antes do "conserto" acabar... Tal era a emoção... Felizmente, é a intenção que conta e eles entenderam o "espírito da coisa". Se não, estaria a esta hora, algures, nas margens do Douro... :-)

Agradeço aos meus companheiros, dessa noite, conseguiram suportar muito melhor do que eu tal (des)conserto...e até bateram palmas! (O público é a morte do artista, e nós, artistas com A - Grande de Ah, Valente! sabemos bem o que é isso... - "Conde, estamos contigo!!!" (Alto, alto, Sr. Conde!) - Por isso a solidariedade, perante tanta leviandade...

Assim, se a "Nouvelle Vague" foi um período fundamental na arte do cinema, o concerto dos Nouvelle Vague deixou muitas dúvidas sobre o seu esperado contributo para o avanço e inovação na arte da música. Ou, poderiam fazer como muitos de nós, incluindo eu, cantamos e inovamos, no nosso "quarto de banho", com efeitos especiais tais como a água do duche a correr, o autoclismo a encher, etc. Evitariam dar futuras banhadas ao pessoal... Os Novelo Vago, deveriam confinar-se às quatros paredes de um lugar fechado... Sei lá, talvez de um estúdio (mas não de gravação, um T0, à beira do rio...). Poderiamos até imaginar já o nome do próximo álbum - "behind close doors...", com novas (per)versões de músicas dos seus discos anteriores, como por exemplo:

"Oh no, not Janissssss...she'll tear us apart..."

p.s - A parte instrumental, não era má... (será que os instrumentistas não teriam um diapasão para a Janisssss?! Ou terá ela tropeçado nele e tendo este ficado entalado no seu..) Foi pena não terem despachado a Janisssss... Ai... Estou tão atrasada para uma aula, mas precisava de desabafar... :-)

quarta-feira, outubro 11, 2006

Para ti, sempre...

O teu sono, o meu sonho, o teu respirar, a minha ansiedade, o teu mexer, o meu corpo a tremer, o teu riso, o palpitar do meu coração, o teu cheiro, o meu perfume preferido, a tua beleza, a minha firmeza, a tua tristeza, a minha incerteza, o teu umbigo, o meu melhor amigo, o teu embaraço, o meu cansaço, a tua razão, a minha emoção, a tua distracção, a minha intenção, os teus olhos, o escuro da minha alma, o teu colo, o meu refúgio, o odor do teu corpo, a minha viagem preferida, os teus braços, o fim do meu cansaço...os dois juntos, a imensa paixão, a leveza do amor, a certeza da verdade, o fenómeno da vaidade, a derrota da ruindade, o sentido da amizade, a metamorfose de um rasgo de beijo que se transforma numa nascente de lágrimas de puro desejo, percorrendo os nossos corpos em busca de alimento, de amor.

Read my lips...

Eis uma expressão que está a passar de moda... De facto, já houve quem me dissera, não leste o meu blog? As notícias importantes já não se dão cara a cara, mano a mano! É à distância! Por isso, eu Tokitoka (estou mesmo a gostar deste nome...ainda por cima, dizem que tenho os olhos rasgados...) prometo que, quando tiver algo de importante para dizer ao meu mundo, que são vocês (quem se questionar sobre esta última afirmação, é porque, talvez, não faça parte do meu mundo e ou passa a fazer ou é uma boa altura de sair, suavemente...), contá-lo-ei como manda rezar a história, face a face. Em vez de dont' read my lips, read my blogue... Prefiro: KISS - Keep It Simple Stupid - e diz logo o que tens a dizer. E no final, se gostarem do que ouvirem, "lick my lips, também é uma expressão que me agrada..." Confesso que, nesse momento, serei um pouco selectiva... Mais uma vez, parabéns a quem de direito, por certos feitos e efeitos, seus ou de terceiros (de vez em quando, permitam-me uma indirecta...). Estou quase de saída e não tenho tempo para "prepare, aim, shoot"! :-)

Porto, aqui vou eu! Cidade impiamente banida pelos Lisboetas do seu vasto itinerário de viagens:

Lisboa - Algarve-Benidorm-Corte Inglês-Colombo-Alvaláxia ou Catedral (depende se precisar de comprar um corta-unhas automático no Media Markt) - Carcavelos - IKEA (ou um novo piaçaba ergonómico) - Lisboa.

Vá não fiquem assim, eu sei que o Corte Inglês tem uma óptima selecção gourmet, segundo consta; mas aquele sistema, todos aos" molhos" e fé nos espanhóis, aliás, em Deus, não me agrada muito... Também, entre isso e as bolinhas suecas do IKEA, venha o Pablo e escolha, aliás, o Diabo. Porque é que quando falo em mega-lojas, os espanhóis vêm sempre ao barulho?!

Vaya con dios! Marchamos!

terça-feira, outubro 10, 2006

Did you?


I don't want to make it rain
I just want to make it simple
I don't want to see the light
I just want to see the flashlight
I don't want to know the answers
To any of your questions
I don't want, no I really don't want
To be John Lennon or Leonard Cohen
I just want to be my Dad
With a slight sprinkling of my mother
And work at the family store
And take orders from the counter
I don't want to know the answers
To any of your questions
I don't want, no I really don't want
To be John Lithgow or Jane Curtain
But I'll settle for loveYeah,
I'll settle for love

Before I reached the gate
I realized I had packed my passport
Before security realized
I had one more bag left
I just want to know
If something's coming for to get me
Tell me, will you make me sad or happy
And will you settle for love
Will you settle for love

(Want - R. W)

Oh, doce prisão...



Pode alguém realmente dizer que não acredita em nada? Que é ateu? Que não crê que as coisas maravilhosas do mundo, tenham sido "criadas", erguidas, não como que por magia, no meio deste caos? Admitamos, somos seres, ou procuramos ser, independentes e autónomos e somos. Não em tão grande quantidade quanto se julga... Mas, por vezes, por mais decisões que tenham tomado, não sentem que a vossa vida vos foge das mãos, ainda que esta se dirija para um caminho, ao olho nu, mais belo e glorificante? E quando lá chegamos, à beleza e glorificação desejada, sentimos uma força invisível, que nos empurra e nos faz avançar, pensando nós: mas não era isto que eu desejava? Não era tudo tão claro e estava tão decidido, porque é que, mesmo assim, "sinto que sinto" algo a encaminhar-me? E ao fazer esse caminho, sinto, uma vez mais, sinto, uma imensa complementaridade que, estranhamente, chega com uma subtil sensação de ardor, de paixão, que nos consome intimamente, mas que nos faz reluzir e ser alvo de inveja aos olhos do transeunte desinformado? Do viandante, do peão que caminha e ao ver tal luminosidade pensa, eu também quero aquilo mas, algo me diz que dá algum trabalho e é necessário muito tempo para se alcançar tal estado de "paz"? - questiona-se, sem saber o que se passa realmente...

É esse o efeito da música em mim... Não consigo viver sem ela e acho que ela não consegue viver sem mim. Que arrogância, da minha parte. Talvez... mas o que é a música se esta não for tocada, cantada, composta, "arranjada", ouvida, partilhada... Rabiscos em pedaços, em resmas de papel? Seria uma forma de vida sem qualquer ambição, sem qualquer pretensão... seria uma praia paradisíaca, sem um único ser vivo a respirar e a sobrevoar, tal ilustre paisagem. Até o eco das palavras de um longo monólogo, faz com que estas ganhem uma vida que não seria vida, se não fosse acompanhada da sua sombra, do seu eco. E, por vontade própria, emancipei-me através da música, das várias maneiras possíveis. E, ainda assim, me considero sua prisioneira, sua seguidora, faço parte do seu "rebanho". Dou tudo para ser a sua ovelha negra, a sua meretriz, a sua Maria Madalena e recebo com todo o gosto todas as pedras até hoje atiradas e "visto", sempre que a ocasião sugere, a coroa de espinhos que esta traz consigo: a ameaça de um dia deixar de a possuir e por ela ser possuída. Esse dia, o dia em que o silêncio instaurar-se-á e descobrirei, ou não... se a tal mão que sinto que sinto... sempre esteve lá, ou não... Até lá, continuo crente. Creio que, ao ouvir a abertura do Requiem de Fauré ou o Ave Verum de Mozart a 4 vozes, choro...certamente, porque algo maior do que eu existe e sinto e vejo tal grandiosidade, jorrando pela minha face com tímidos contornos a lápis de carvão que, denunciam, levemente, a escuridão da minha face e o entrosar confuso do meu ser visceral...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Rendo-me às evidências...


9 de Outubro, pareceu-me um bom dia para, finalmente, começar a escrever no meu blog (ainda não me acostumei ao termo, soa-me não a uma palavra, mas quase a um som meio indefinido, semelhante ao que nos soam as primeiras palavras de uma criança). Papá ou mamã, já não serão as primeiras palavras, daqui por uns anos, a serem ouvidas, mas talvez, mp3, Ipod, PS2 ou blog... Para estar actualizada, se um dia me tornar "mamã", lá para os meus mp35...porque neste momento, I-não-pod... Assim, saberei o que o rebento quer! E não irei pensar que, ele ou ela, vai bolçar, mas sim, quer blogar... Não quero que os outros digam: que estranho, já reparaste que o teu miúdo vai a caminho dos 16 meses e nada ainda de "blog"? Lá se vai a preocupação com os babetes, com a fralda de pano ao ombro, para o golfar do puto, em substituição, em caso de emergência, temos que ter, pelo menos, uma PS portátil... E rezar para que ele tecle... E quando isso acontecer, ligamos aos avós e amigos e dizemos: o meu filho já tecla!!! Espera...nessa altura já não se liga! Os telemóveis já passaram de moda... Ando mesmo distraída e fora do tempo. O que é que se usará na altura? Será que os nossos frigoríficos já irão ter uma função incorporada, do género: caso o seu filho tenha teclado pela 1º vez, retire a tupperware nº3, situada no canto superior esquerdo que estabelecerá, automaticamente, uma comunicação via satélite com todos os seus conhecidos, enviando seguinte mensagem: O sujeito em questão, teclou pela 1ª vez e aproveite para verificar a data limite do seu próximo teclanço e/ou dos seus familiares. Caso o seu filho tenha teclado pela 1ª vez, mas com uma idade igual ou superior aos 4 anos de idade, será enviado um sinal electrónico, que fará saltar a tecla 3 do telemóvel dos seus familiares... e por razões de segurança, bloqueará o seu acesso aos seus familiares menos próximos, amigos e conhecidos, durante um período de 12 meses, sujeito a avaliações periódicas.

Por isso, cá estou eu, mais uma no meio de muitas e muitos bloguistas, com tempo livre e com vontade de falar das coisas mais patéticas e atribuir-lhes, ainda que sem sucesso, um sentido tão profundo e turvo, com o fundo de um copo de três... E parabéns a quem de direito...pelo dia de hoje, que este suceda mais um conjunto de dias, com tudo aquilo que estes costumam trazer... E lembrem-se, cada um tem o que merece, isto é, os dias... Este dia, mereceu que eu "escrevinhasse" algo no blog. O dia de amanhã, quem sabe?