quarta-feira, janeiro 31, 2007

Mais uma sobrinha...mais uma Teresa

Hoje, 31 de Janeiro, nasceu mais uma filhota de uma amiga, da Iolanda. É uma Teresa, a 3ª neste rol de sobrinhos e sobrinhas. Conheço-a, a mamã, desde o 9º ano. Quanto mais cedo fizermos amigos, verdadeiros, mais depressa teremos velhos e bons amigos para o resto da vida e aquarianos!

Já na altura combináramos que seríamos madrinhas de casamento uma da outra. Tendo sido feito este acordo, promessa, no meio de momentos de loucura que passámos juntas, com roupas trocadas, um ténis de cada nação, ou no meio de sessões muito caseiras de Tarot, pelo vistos, resultou. Estivemos juntas noutras alturas, lembro-me que quando a minha mãe morreu, assim como mais algumas pessoas que são tudo para mim, vestiram a minha mãe, coisa que eu fui incapaz de fazer, porque também estava a morrer e só tive energia para sair à rua e comprar um vestido preto. Ficava-me muito bem, dizia a empregada da loja. Bem, um vestido preto é sempre um vestido preto e dá para qualquer ocasião...

Madrinhas fomos uma da outra e até pensámos em engravidar ao mesmo tempo! Mas não me apetecia engordar 15 ou 20 kilos, agora! :-) E acho que é mais giro uma de cada vez, para terem o protagonismo que merecem. Tal como os pais das crianças. Penso que a Teresa está em boas mãos e acima de tudo, rodeada de amor verdadeiro, entre o pai e a mãe, que a fará sentir-se a bébé mais feliz do mundo...

Estou feliz! E choramingas, claro... Ai, as histórias que eu vou contar à Teresinha sobre a mãe dela! Acho que ainda vou ganhar alguns favores com este acontecimento! Preciso de uma foto dela! Sei que é linda, mesmo não tendo estado lá... Continuo feliz

"Si me faltaras no voy a morirme
si he de morir quiero que sea contigo
mi soledad se siente acompañada
por eso a veces se que necessito,
tu mano, tu mano, eternamente, tu mano

Si alguna vez me siento derrotado
renuncio a ver el sol cada manãna
rezando el credo que me has enseñado
miro tu cara y digo en la ventana
Yolanda, Yolanda, eternamente Yolanda"

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Real ou absurdo? - A fé no Homem e na Mulher

"Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que se torna amado do que outro que se torna temido, pois o amor quebra-se, mas o medo mantém-se..."

Maquiavel

Para mim, real. E muito.

domingo, janeiro 28, 2007

Are you a snob? (soa melhor em inglês...)

Pensem nestas perguntas ou pontos:

  • Serias capaz de namorar com uma pessoa desempregada?
  • Se tivesse amigos ou um namorado(a), que morasse numa zona conhecida como sendo má, reles, andavas com essa pessoa?
  • Se andasses com ela, davas-lhe boleia até casa?
  • Se ela te convidasse para morar com ela, moravas?
  • Quando passas por uma zona alegadamente má, trancas as portas do carro?
  • Se vires uma família de ciganos a vir na tua direcção ou no café que ias entrar, desistes e sais?
  • Se tivesses um filho, ias para uma clínica, porque a MAC (maternidade alfredo da costa), recebe toda a gente e ciganos?
  • Os ciganos fazem parte de toda a gente?!
  • Consideras-te uma pessoa civilizada?
  • Quando bebes café, levantas o dedo mindinho?
  • Na TV, não vês séries da HBO ou só vês séries da HBO?
  • O Tony Carreira é um grande músico?
  • Ele é músico, o T. Carreira?!
  • Se fosses a casa de alguém, conhecido ou não, e a regra lá em casa fosse "sapatos à entrada", tiravas os sapatos?
  • Sentias-te ofendido(a) com o pedido?
  • Acharias absurdo, mesmo tendo cumprido o pedido?
  • Comes sardinhas de garfo e faca?
  • O frango assado, come-se com as mãos?
  • Se comeres com as mãos, usas guardanapos?
  • Tens necessidade de afirmar que não vais ao MacDonalds? (by the way, ainda não almocei...)
  • Fumas?
  • Bebes?
  • Fumas o quê, Ritz?!
  • És contra a cultura americana?
  • Que cultura?!
  • Cidades - Londres, Nova Iorque, Madrid ou Paris?
  • Uma ementa igual ao Thanksgiving ou Bouillabaisse?
  • Mudas de roupa todos os dias?
  • Eu não mudo de roupa todos os dias, ainda somos amigos(as)?
  • Adoro os filmes do Jackie Chan, "papo" todos os CSI's e delicio-me com Seinfeld e tu? As 3's?
  • Ouço música e música e música, ou seja, metal, trash metal, barroca, música antiga, 80's, 90's, Erasure, Cure, Madonna, Moby, R.A.G.E, Thievery Corporation, Suicidal T, Pizzicato Five, Craig Armstrong, Fat Boy Slim (Rules!!!!), Tori Amos, Handel, OST's, Camille, ouço a rádio MIX, Radar, Oxigénio, TSF, Renascença e.... sei lá! Sou pimba, confusa ou ouço qualquer bosta?
  • Se alguém teu amigo, aparecer para um encontro contigo mal vestido, malcheiroso e com as unhas porcas, o que fazes?
  • Destestas pessoas que só dão um beijo?
  • Gostas de dar beijos?
  • Darias um abraço a um desconhecido?
  • Faço buracos na manteiga, bebo pelas garrafas, uso qualquer detergente da louça e peido-me ao pé do Rodrigo? Sou porca?
  • E ele, também se peida ao pé de mim?! Somos porcos (e apaixonados...)?
  • Se eu cheirar mal do braços dizes-me? E da boca?
  • Tenho um amigo seropositivo e vários amigos homossexuais e lésbicas. Vais pensar duas vezes antes de usar a minha casa-de-banho?
  • E os pratos, garfos e copos, vais usar?
  • Já agora, vais passar a trazer a tua própria garrafa?
  • Já tive tuberculose, sabias?
  • Se tivesse outra vez, deixavas de falar comigo?
  • Criticas gestos, palavras, hábitos, costumes dos teus amigos ou conhecidos, eles incomodam-te?
  • Consegues dizer neste momento, quais os teus hábitos irritantes?
  • Sentes que deves reeducar os outros?
  • E sabe-te bem, quando o fazes?
  • O que é que te diz que sabes mais ou que o que sabes e "vives" é melhor do que o deles?
  • Gostas de pessoas?
  • Ou gostas de pessoas que tenham A, B e C na sua vida e personalidade?
  • Andavas com alguém que tivesse menos estudos do que tu, talvez, com a 4ª classe?
  • Andavas com alguém muito mais velho do que tu? 20 anos de diferença?
  • O mundo é injusto?
  • Os sem abrigo vivem na rua porque gostam, certo? É uma opção de vida?
  • Ajudavas um estranho que te dava a certeza ser inofensivo, sem qualquer problema, a resolver uma situação trabalhosa como, ir ao SEF com ele?
  • Não sabes o que é o SEF? You should known better...
  • És boa pessoa, porquê?
  • Disseram-to, várias vezes ou concluíste sozinho(a)?
  • Tens um ego grande ou precisas de estar inflamado(a) para marcares o teu ponto?
  • Falas muito baixinho?
  • Incomodam-te as pessoas que se riem alto, mesmo alto que quase vês os seus estômagos?
  • Há quem diga que eu rio a cantar? Irritante? Ou estou a gabar-me?
  • Isto está a ficar muito comprido. Será que tenho alguma mania?

Achas-me snob, por estar a fazer isto? E sem ainda ter almoçado? São 16.34! Snob, talvez, em certos momentos, pois esquizofrénica, sou de certeza. Logo, terei muitos momentos de loucura certo?! E já vos disse que não suporto snob's? Estas minhas pessoas são cá umas desbocadas! Isso não se diz. Pensa-se e depois finge-se ao pé deles. Cala-te, pá! E pessoas que falam calão, gostam delas?!

Xou, Maria, vai mas é comer, antes que leves nos cornos! Prontos! Vá, um beijo a todos e nada, sei lá!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Ainda 3 de Janeiro, momentos e amor...

Já tinha escrito isto antes, para outro amor meu. Este ainda não descobriu que o amo, mas tenho esperança que o tempo o dirá. Bullshit... O tempo, em certas coisas, nada nos diz. A não ser, estás atrasado, já partiu e todas as tuas memórias foram com ele, ou porque ainda não partiste, o teu tempo já passou.

Confesso que, de momento, não tenho feito esforços para mostrar-me ao tal amor. Mas, também sou gente e não sou de ferro... Até choro ao escrever isto. São as tais defesas para os conhecidos... Estou à espera do nosso desencontro, num lugar comum, em nenhures.Bem, tal como o post anterior, este vai para todos, para mim, para os momentos a 3 de Janeiro. Mas este, ainda que passe por nós,
irá directamente para V, amealhar as partículas de momentos lá passados, fará ricochete e ressoará, silenciosamente, por todo o tempo e espaço, passando por P e B e todos aqueles que não lá estiveram.


El Breve Espacio

Todavía quedan restos de humedad
sus olores llenan y mi soledad
en la cama su silueta si dibuja cual promesa
de llenar el breve espacio en que no está.
Todavía yo no so sé si volverá
nadie sabe al día siguiente lo que hará
rompe todos mis esquemas
no confiesa ni una pena
no me pide nada a cambio
de lo que da.

Suele ser violenta y tierna
no habla de uniones eternas
mas se entrega
cual si hubiera sólo un día para amar.

No comparte una reunión
mas le gusta la canción
que comprometa su pensar.

Todavía no pregunté: te quedarás
temo mucho a la respuesta de un jamás
la prefiero compartida
antes de vaciar mi vida
nos es perfecta mas se acerca
a lo que yo simplemente soñé.

Pablo Milanés - Antología - "El Breve Espacio"

Este cd, faz parte de mim, da minha vida, da minha alma, do meu corpo. De forma excruciante e ternurenta, mina as minhas defesas. A minha boca fica com secura, o seu palato, o seu da boca, dói e está quase paralisado, a minha laringe fecha e respiro, em pequenos intervalos sucessivos e inaudíveis. Sinto as toxinas sairem do meu corpo, através das lágrimas que percorrem e acariciam a minha face. É algo muito meu, que me acompanha desde muito cedo, como música de fundo, em momentos violentos, agressivos, cheios de amor e de vida. Pois isto é a vida. Embarco numa viagem quando o ouço e é única: eu entro, sento-me, e saio quando me apetecer, apesar de estar paralisada. Temos um acordo, nada me prende, mas ao entrar no meio da sua música, tenho de voluntariamente deixar que me torture. E em troca, este não me desilude, nem ilude. Existem bilhetes de ida, de volta e só de ida. A escolha é minha, pois sou eu quem o põe a tocar, quem inicia a viagem. Sou eu o maquinista, o homem dos bilhetes, sou eu em manda parar o comboio nas paragens. E agora, vou sair. Já fiz duas "viagens" e sinto as cordas a magoarem-me os braços... É tempo de ir sarar as feridas e pôr as memórias de volta ao baú correcto.

terça-feira, janeiro 23, 2007

03 de Janeiro de 2007? Não, não estava lá!

«Se tivesse de recomeçar a vida, recomeçava-a com os mesmos erros e paixões. Não me arrependo, nunca me arrependi. Perdia outras tantas horas diante do que é eterno, embebido ainda neste sonho puído. Não me habituo: não posso ver uma árvore sem espanto, e acabo desconhecendo a vida e tibuteando como comecei a vida. Ignoro tudo, acho tudo esplêndido, até as coisas vulgares: extraio ternura duma pedra. Não sei - nem me importo - se creio na imortalidade da alma, mas do fundo do meu ser agradeço a Deus ter-me deixado assistir um momento a este espectáculo desabalado da vida. Isso me basta. Isso me enche (...)»

Raul Brandão - Janeiro, 1918

Li isto pela 1ª vez, há 10-11 anos? Confesso que, na altura, sorvi com todo o meu corpo e alma estas palavras, ecoaram na minha mente durante dias e dias, mas (há sempre um mas), corria o risco, tendo em conta o momento exacto da minha inebriez que, passados alguns anos ou até momentos, a desilusão se assenhorasse de mim e aquelas palavras perderiam sopro. Que me tornasse sóbria. Lembro-me de, anos mais tarde, não muito mais tarde, ter estado com alguém e esse alguém achar-me muito serena. Assim de repente, até soa bem. Serena, tranquila. ACORDA! Pensei eu quando ouvi esta descrição. Serena? Como uma sereia, cativante, sedutora, mas que nunca chega a arrebatar? That's it?!

Eu estava coberta de brilhantes, mas estes recusavam-se a brilhar. Porquê eu? E o que é que ele queria, uma bailarina exótica, uma boémia? Se era pretendido um momento bonito, romântico, lisonjeador, preferia que tivesse dito: tens uma pele muito bonita... :-) Todas as mulheres querem ouvir um comentário desses, contudo, talvez por volta dos 40 anos...

Mas fez-me pensar. E optei por evitar mais momentos desses, sempre que tivesse escolha, tentei encontrar um adulador mais capaz (demorou algum tempo) e queria "o momento perfeito". Não existem momentos perfeitos. Existem sim fragmentos no tempo, escassos minutos, que dão significado à nossa vida, tornando-a perfeita... Não os controlamos, não são estudados por nenhuma ciência exacta ou menos rigorosa, mas depende de nós agarrar o momento, quando este se encontra à nossa frente. E a responsabilidade, é toda nossa. É a nossa vida que está em jogo, o que é muito para ser decidido num escasso momento, não anunciado, mas quando nos toca, somos garantidamente privilegiados. Don't waste it...


Só consigo imaginar estes momentos, com imagens como esta: Buenos aires, um salão de dança, Tango, um homem sentado num canto escuro com a sua aguardente velha já aguada, vestido com roupa escura e discreta, cabelo curto, um corte limpo, mas com alguma irregularidade que mostra uma ponta de rebeldia, mas com a camisa apertada até ao último botão, mostrando seriedade ou timidez... Do nada, uma silhueta dançante e inebriante, arranca-o da cadeira de maneira brusca e sensual e antes que ele dissesse que nunca dançara um Tango, os seus corpos já deslizam pela pista de dança. Ninguém repara neles, mas mesmo de relance, dá para adivinhar os seus corpos perfeitamente encaixados um no outro, completando a tela de um artista que, passados muitos anos a desenhar traços e a misturar cores, só agora encontra a sua inspiração, ou seja, a essência da sua obra. E nesse momento, apercebe-se que esta, a obra, já não é sua, pois está completa e deixa de ter dono. Tem de ser partilhada pelo mundo e ele não se pode opor, nem impugnar aquela que outrora havia sido a sua obra. O protagonismo pertence aos corpos que se denunciam na tela, na pista de dança, que se anunciam ao mundo.

Parece injusto, mas não o é. Os compositores de música, quando terminam uma obra sua, mesmo que sejam também instrumentistas ou intérpretes, sabem que esta irá ser ser tocada por milhões de pessoas e cada vez que é tocada, a estes pertence. Pois cabe-lhes a eles, dar-lhe corpo e alma, forma e conteúdo. Por isso, para se alcançar o tal momento de perfeição, de o encontro de uma identidade e de uma entidade, temos que sair, deixar tudo, para assim nos ser permitido voltar. Passamos a desconhecer tudo. Pois quando conhecemos as coisas, ou as pessoas, sentimo-nos vulneráveis e criamos barreiras, esquemas, pensamos duas vezes no que vamos dizer, corrigimos movimentos, controlamos o volume das nossas gargalhadas, contamos os nossos sorrisos, damos pequenos passos e precisos e tentamos ser sempre concisos. Nada fica ao calhas. Por isso, para conhecermos alguém, para os nossos corpos se entrosarem, para as nossas vidas não se "desenredarem", é necessário partir para o desconhecido para entrar verdadeiramente no conhecido.

É estar a milhas de distância do nosso porto seguro, sozinhos e numa praça deserta, repararmos que estamos a ser observados por um desconhecido. E pensamos - Estava eu a mexer no cabelo, a tentar baixar a minha juba, e ainda há pouco endireitava as alças do soutien. E aquela borbulha... Ai e eu estava a cantar. Que horror. E ele viu tudo. Eu nem a minha mãe deixo entrar na casa de banho. E agora? O que é que eu faço? Fujo? Para onde? Está escuro e não conheço bem o sítio. Só estamos nós os dois e mais ninguém. Se estivesse aqui alguém amigo. Tenho tantos amigos, porque é que vim passar férias sozinha?! E sinais? Existem sinais para tudo, porque não um sinal sonoro avisando do perigo do desconhecido? Mas se avisarem, deixa de ser desconhecido... Eu já não iria mexer no cabelo, as alças provavelmente ficariam logo direitas e a borbulha, já estaria coberta de base. E aí, já não seria eu.

De repente, parece a cena de um filme. E no filme, só nós, os protagonistas é que estamos lá. Os outros, não estão. É um filme independente e muito alternativo. O budget é reduzido, mas o elenco, arrojado. Um ou dois efeitos especiais, um ou dois adereços, um diálogo breve mas intenso e, dita a deixa final, o realizador desaparece. E as luzes incidem sobre nós.
Afinal, não era um desconhecido. Era um amigo bem parecido meu conhecido e tornado desconhecido que sempre achei muito parecido comigo.
Prometemos não contar nada a ninguém sem antes contarmos tudo um ao outro. E tudo o que se passara, ficaria entre nós. Seria como uma situação caricata, com piada, que contada, perde a piada. Porque é preciso estar lá. Mas só as pessoas certas: a bailarina, o virgem no Tango, os corpos enredados e revelados, os amigos desconhecidos. O que sentiram, o que disseram, o quanto dançaram, o quanto suaram, se porventura se beijaram e se amaram, só eles sabem. Porque nós, não estávamos lá. E se estivéssemos lá, isto tudo poderia não acontecer. E amanhã, poderia ser demasiado tarde.

Por isso, que se perca a mania de querer estar em todo o lado e com toda a gente! Sai de cena quem não é de cena. O momento só acontece se estiverem presentes os futuros ex-desconhecidos que nunca deixarão de estar comprometidos um com o outro, unidos pelos segredos que partilham, daquele momento. É a sua private joke. Para as coisas acontecerem, muitas vezes, não podemos estar lá. Só eles é que têm de lá estar. Eu não estive lá.

Por isso, criem os vossos momentos. Não sejam somente serenos. Sejam obscenos para encontrar o que realmente vos faz feliz. Mas sejam. Sejam "pobres de espírito" e não pensem muito! Façam quando vos der na telha! Mas façam-no desnudados de qualquer preconceito ou barreira, entrosados ou enroscados. Nunca enrascados... Se não, o momento passa a um tormento e de repente, sem darem conta, muitos estiveram lá, com vocês e muitos desejam vocês que passem a lá estar. E mais de dois, em certos locais de Lisboa, já é um ajuntamento. Tem de ser visceral, entendem?

Eles não ouviram, os privilegiados, mas estas palavras ecoavam na atmosfera... Eu não estava lá, mas eu sei que ecoaram...

«Oh! meu bem-amado
Quero fazer-te um juramento, uma canção
Eu prometo, por toda a minha vida
Ser somente tua e amar-te como nunca
Ninguém jamais amou
Ninguém
Oh! meu bem amado, estrela pura aparecida
Eu te amo e te proclamo
O meu amor, o meu amor
Maior que tudo quanto existe
Oh! meu amor»

Não preciso dizer mais nada... São palavras que quero, um destes dias, quando se der mais um desses momentos, sussurar àquela pessoa que tive que desconhecer para voltar a conhecer... E estas palavras não têm dono, por isso não posso de maneira algumas atribuí-las ao seu "dador". Contrariamente ao R.Brandão, agradeço a Deus por não ter estado presente no Vosso momento... É tão bom ter algo só nosso...

segunda-feira, janeiro 22, 2007

"Brideshead Revisited"

Mais um fragmento da minha vida. A vantagem de nessa altura, só existirem dois canais de televisão e do meu pai ter uma ou duas, ou mais...manias, é que muito do que víamos ou o que víamos, era escolhido a dedo e esta era uma das séries que tínhamos autorização para ver. A minha mãe tinha pouca instrução, mas um gosto inteligentemente requintado e uma vontade sagaz de conhecer mais e mais, fazia parte dela e a tornava única e bela... (Agora doeu-me qualquer coisa...) Passei muitas noites a ler as legendas desta série e a deleitar-me com as figuras deles. Que interessante, pois era suposto ser um "castigo" e, secretamente, era um dos meus "frutos proibidos" que eu, devorava, em voz alta e ao lado do meu carrasco. Algo como, a última refeição de um condenado à morte, conter, bem à vista, algo que termine com a sua vida, neste caso pela sua própria boca, sei lá, um ingrediente ao qual ele fosse alérgico, mas que adorasse comer, ou as últimas palavras num cadafalso, como a Selma, no "Dancer in The Dark", serem uma música por ela entoada, cheia de vida e que, mesmo depois de silenciada, ecoava na atmosfera e beijava todos, que lá teriam ido, por bem, por mal, ou por vil prazer.

Eu tinha uma "paixão" pelo Jeremy Irons, a minha mãe também e guess what, mais um "Sebastião" me chamava a atenção e também tive um "Sebastian" na minha vida. Que loucura, que insanidade, ele contra o mundo e eu fazendo parte do mundo e do "seu" mundo.

A vida na série era confusa, atormentada, excruciante, tudo parecia ser nada, todos pareciam naturalmente infelizes e, ainda assim, tudo parecia tão belo e romântico. God, a minha vida tem sido tão parecida... Felizmente, ao contrário da série, a minha vida teve continuação e por isso, tem tido alguns desfechos muito diferentes. Mas marcou-me bastante e de tantas maneiras.

Estou atrasada, enquanto me visto para sair, ouço a banda sonora da série...o que atrasa ainda mais!

terça-feira, janeiro 16, 2007

Marselha, um estúdio, 1 homem de 37 anos et MOI

Um livro piroso, um romance de cordel, uma história real num bordel, um sonho apimentado numa dessas cidades portuárias, insidiosas e magnéticas? O fruto proibido é o mais apetecido. No fim, foi um pouco de tudo. Por outra ordem, foi pirosamente apetecido, desejado, num local cheio de livros e alguns romances, muitos sem cordel, um sonho tornado real, bastante magnético que se confundia com insidioso, pelo cheiro apimentado, memória olfactiva do que nos ensinaram em história, sobre algumas dessas cidades portuárias envolvidas em bordel...

Foi assim a passagem dos lindos 36 anos do Manso para os seus 37... Marquei tudo, sem ele dar conta e domingo, 14, fomos tomar o pequeno-almoço a casa de 2 dos 5 ou 6 best men, I know. Depois do pequeno-almoço, no meio de outras coisas, disse-lhe: olha, se vamos visitar a tua Mãe, é melhor leres isto primeiro. Ele demorou algum tempo a perceber o que continha a folha que lhe entregara (talvez seja da idade! :-)), uma ou duas onomatopeias... e, at last, ou daaa, ele percebeu! E lá fomos, rumo ao Porto, apanhar uma avião e quando saímos do aeroporto em Marselha, faltavam 2 minutos para fazer os 37... Mesmo à risca. A seguir, continuou a aventura, depois de uns beijos trocados à meia-noite e ao frio...seguimos para um estúdio que alugámos, desesperámos por estacionamento (e os tipos tinham estacionamento próprio), a casa era giríssima, os donos - um casal, ele Egípcio ela Alemã - muito simpáticos. Estava tudo fechado, não tínhamos comido e o Youssef deu-nos queijo, bacon, pão - é escusado dizer de que tipo, mas uma pista, daquele que a cozedura final é feita entre a "sovaqueira" do consumidor final... - ,chá, iogurtes, fruta, foi muito querido.

No dia a seguir, dia 15, o dia de aniversário do Manso meu, tomámos o pequeno-almoço, passeámos na zona do porto velho de Marselha e, para terminar, a famosa bouillabaisse e um fantástico prato de agnoli (uma massa para rechear) com foie gras... Mais, para quê?

Regressámos ao fim do dia e ainda demos boleia do Porto para Lisboa, a um jovem simpático, o Jéremie, músico! :-) Conhecemo-lo no avião, ou antes de embarcarmos, porque queria saber como arranjar comboio no Porto para vir para Lisboa. E pensámos, porque não dar-lhe boleia? E lá fizemos mais um amigo, quebrámos mais uma barreira no espaço e partilhámos o mesmo tempo, fizemos história juntos. Uma história para contar aos nossos futuros ________ whatever, para relembrar num dia de frio, tomando chá, comendo um pouco de pão e devorando queijo como se o mundo acabasse amanhã...

A vida às vezes poderia ser tão simples e bonita. Será que nos focamos nas coisas certas? Melhor, nas pessoas certas?

Luv U Manxu!

De 3º para 4º grau

Pensei que devia haver uma sequela ou ser pelo menos uma mini-série de 2 episódios. Então, lá voltei eu na sexta-feira, pensando que a iria encontrar. E encontrei... e correu bem! Quando lá cheguei, ela avistou-me ao longe e acenou. Fiz-lhe sinal para que viesse ter comigo e ela pediu-me para aguardar. Quando ela se despachou, foi lá ter comigo, cumprimentou-me e eu dei-lhe um saco, dizendo que sabia que no dia anterior, quando lá a tinha visto, era o dia de anos dela, mas que tinha sido tudo tão rápido. Ela ficou muito contente por ainda saber o seu dia de anos e por lhe ter levado uma prenda. E como prenda, pensei eu, em casa, teria que ser algo intímo e "único". Que a levasse numa retrospectiva dos tempos passados e que mostrasse uma porta aberta para o presente e futuro. Sendo o presente, sempre o futuro de algo passado.

Tinha uma caixa vermelha, média, forrada num vermelho escuro, a tafetá, com uma pequena imagem, em formato de moldura no exterior da caixa, de gladíolos, flores cujo atributo é serem um desafio ao coração. No interior da caixa, coloquei flores secas, várias, pequeninas, uma rosa que um amigo muito viajado e amado, me ofereceu no seu aniversário, em 2005, dois dias depois do meu casamento, coloquei uma vela cheirosa, que vinha dentro de uma lata muito bonita e selada, perfumei o interior da caixa com um dos meus perfumes preferidos e que usámos os dois, eu e o Rodrigo, no nosso casamento, coisas sem as quais não passo e que me seduzem. As flores pequeninas, estavam, anteriormente, numa taça, com uma foto da minha mãe e um poema de outra pessoa que me toca bem lá no fundo e que só o facto de ela existir na minha vida, me dá mais um pouco da paz que tento construir, dia após dia. Esta taça, com todo o seu conteúdo, era o "meu" altar para a minha mãe, que também, o altar, é algo que se constrói e evolui constantemente. E partilhei-o com ela, pois ela acompanhou-me muitos anos, ainda a minha mãe era viva e partilhou diariamente o mesmo espaço que eu partilhava com a minha mãe e que, tal como a minha mãe, esse espaço e tudo e todos os que lá passaram, por bem ou por mal, fazem e serão sempre parte de mim.
Ainda acrescentei uma foto do meu casamento, com uma breve mensagem de carinho, num envelope aparte, pois não cabia na caixa e melhor postal que este, não imagino. E dentro da caixa, pus uma foto dela, de há 15, 16 anos atrás, tirada na Fortaleza de Sagres... com o mar como "wallpaper" e a imagem dela, inocente, de leggings (que já existem há tantos anos...) e uma t-shirt do Tintin.


Uma foto intemporal, tirada num dia deliciosamente cinzento, de acordo com a vida e os seus vários tons de cinzento... Foi um fim de semana de loucura despreocupada,"cinzento bem clarinho", em que eu trabalhava num restaurante chinês (com os maiores forretas do mundo!!!!). Ela e outra amiga da altura, tinham ido numa excursão com a nossa escola secundária e eu queria lá estar com elas. Então, no fim do dia, de trabalho, cheguei ao pé dos catolico-forretas-praticantes e despedi-me. Recebi, sei lá, 60 contos ou algo assim, metio-os no bolso e parti para Lagos! Passámos um dia, julgo eu e uma noite, na Pousada de Juventude de Lagos, na altura, bastante desconfortável e num clima de insanidade recomendada por qualquer médico que tenha uma faceta humana e um ex-sou-jovem-e-livre-e-o-mundo-é-meu dentro de si, sempre a espreitar cá para fora. Nesse fim de semana, no fim, elas partiriam sem mim e eu fiquei a gozar do ar e vento frio de Lagos, da tão minha e confidente Praia da Batata e das noites passadas ao relento na praia ou fazendo companhia à controversa estátua de D. Sebastião. Será por isso que quero ter um filho chamado Sebastião?!

Ou seja, achei que aquela caixa ia trazer boas recordações, cheiros agradáveis, continha um pouco de mim, dela e das duas, em conjunto... Nem sempre o que é desfeito não pode voltar a ser refeito. Ninguém é perfeito. Talvez seja esse o segredo da vida. A procura da melhor imperfeição possível que faça frente à inatíngivel perfeição que, no seu peso como adjectivo, também deverá ser lembrada no seu sentido figurativo. É um barómetro, mas não é a meta final. Que tal tentarmos ter uma vida perfeitamente imperfeita? Do género, é esta mesma, está quase lá, com um remendo aqui, outro ali e serve, perfeitamente.Como aquelas calças de ganga que temos, que já deviam ter ido para o lixo... :)

Literalmente em período de saldos, saldei mais uma dívida com a vida, resgatei mais uma parte de mim, e venha o futuro como vier, com mais ou menos brilho, o seu luzir anterior continuará cá, tal e qual a estrela ou as decorações que pomos, de ano a ano, no topo da nossa árvore de Natal. No meu caso, é mais uma figura do meu presépio imaginário, que se perpétua ao longo dos tempos e como todas as figuras dos presépios, vai sendo remendada, de ano a ano e só a muito custo nos separamos delas...

Foi bom, lavei mais um pouco da minha alma, falámos até ao fim do seu turno, da minha vida, da dela. Gostei de sua sinceridade sobre a sua vida, não embelezou nada, pôs quem de direito num pedestal, a sua filha de 7 anos... e, de vez em quando, lá terá um espacinho para mim, talvez dentro de uma caixa cheirosa.

E lá ganhei um pouco mais de ânimo e energia para os meus dias, tão distintos e inseparáveis.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Encontros imediatos do 3º grau


Ontem tive um desses encontros... Mais concretamente, foi um encontro de 3º piso. Com quem? Com uma ex-amiga. Não soa estranho esse termo? Como é que é possível duas pessoas serem tão intímas num determinado período das suas vidas, passarem em conjunto por coisas de adolescentes, pelos 300 primeiros amores à 50ª vista, pelas mudanças de corte cabelo parolas, pelo 1º par de calças da moda, pelos trocos pedinchados à porta da escola, para comer um daqueles bolos que enche e gastar a maioria do dinheiro em matrecos? A 1ª vez que ela chora no meu ombro porque a vida dela é uma merda, tal e qual a da qualquer adolescente? E os projectos que planeámos juntas, ir para a faculdade, viajar, ir a sítios, só ir... E os planos, pensámos a qualquer hora do dia, no lugar do costume, num banco jardim, numa rua de Lisboa, de Campo de Ourique... Lembro-me de ligar-lhe para trazer-me lanche ou jantar... uma sandes com banana e batata frita, um manjar de Deuses, de uma princesa para outra. A vida é feita de pequenos prazeres e gestos que marcam. Esse sim, era o verdadeiro room service.

Mas, um dia, no sítio do costume, uma de nós cresceu, assim de repente. Queria realizar os seus planos todos de uma só vez, usar "aquela" cartada, o trunfo na manga, parecia tudo tão fácil, rápido, indolor, tão preciso como os movimentos da mão de um cirurgião: assinala, mede, marca, faz uma incisão, abre, limpa, sucção, aspira-se ainda mais um pouco e já está, é só coser. A deep but clean cut. O cirurgião sai da sala. Silêncio. Ouve-se a "melodia" e "ritmo" de algumas máquinas, o chão com panos ensanguentados, luvas de borracha e máscaras decoram a sala e pingos de suor dos experts dão o toque final à sala: o toque de: algo de genial aqui aconteceu. Naquela tábua de ferro estiveram deitadas várias pessoas e nem todos saíram para o recobro. Mas uma delas iniciou uma nova vida. No strings attached. E a partir daí, foram saindo os últimos vestígios da vida outrora vivida, caem os pontos e está tudo como novo.

Os que não saíram da fria tábua de metal, recuperam, com espanto e nunca desejando mal à paciente com sua nova pulseira no pulso. Ela, a (im)paciente respira mas de forma ofegante. É o suspiro da nova vida. Pensamos todos. Mais tarde, descobre-se que era um bloqueio, um entupimento, causado por uma pinça esquecida dentro do seu corpo. As coisas estranhas que acontecem às pessoas mais normais. Bem, mas a operação era irreversível e daquela sala esterilizada, mas pelos vistos, incompleta, saiu um adulto:

- Boa sorte, disse-lhe o médico ainda no recobro.
- Boa sorte para o quê? - disse ela.
- Daqui para à frente, quando sair lá para fora toda a sua vida vai mudar. Não era essa a operação que desejava: remoção de qualquer traço de adolescente e a construção de um adulto comum?
- Era, disse ela - ainda um pouco sobre o efeito de sedativos.
- Então, aqui tem! O seu seguro cobre esta operação, o resto, irá recebendo a factura, em várias partes, até ao fim da sua vida, como fragmentos de uma fractura. Humor médico! (solta uma gargalhada) Mas sabe, por um determinado preço, também podemos dar um jeito a isso.
- A quê, às fracturas? - afinal ainda estava muito sedada
- Não, às facturas! Que tal como as fracturas, serão sempre suas, para efeitos de IVA (Impossível Voltar à Adolescência) Não está isenta, claro. Isto não é para todos. Ainda... E é uma maneira de se ir relembrando desde grande dia! Certo?
- Não sei.. Pensei que me acompanhavam para o resto da minha vida... Tenho medo.
- Sossegue... Não iremos lá estar todos os dias, mas outros colegas nossos, de outro ramo, na hora certa, irão tratar de si. Se quiser, damos-lhe já o contacto deles. Gostamos de pessoas como você, decididas e esclarecidas. Foi um prazer transformá-la! Ai, adoro a minha profissão. Isto merece um charuto cubano!

E foi assim como se acabaram os manjares dos Deuses, as mensagens secretas e os olhares de cumplicidade, os abraços e gestos simples de amor e amizade, as frases inconsequentes que dizíamos uma à outra, sabendo sempre que, no dia a seguir, lá estaria uma à espera da outra. Mas, afinal "there were some oysters"... em português, afinal havia outra e a vida, às vezes, é lixada. E por vezes, somos nós que a lixamos. Mais tarde, descobriu-se que os sons da sala de operações, eram já das f(r)acturas a sair... E o trunfo na manga, era um Joker. Palhaçada... "Cause the joke was on me..."

E ontem, passados, sei lá, 10 anos sem a ver, esbarrou em mim. Ela veio na minha direcção, num dos sítios que mais detesto, o El Corte Inglés, talvez por estar cheio de pessoas que, a dada altura, também acharam que era altura de mudar e, oops, I did it again. Eu estava na minha, a ouvir música, "feel free", estou viciada nesta e na voz dele. Ouvindo Mozez...tudo tão biblíco. Penso em passar lá hoje e deixar-lhe algo, talvez uma foto nossa, antiga, de há 17, 18 anos atrás. A vida pode estar cheia de coincidências, mas esta, naaaa, queria dizer algo. Talvez o "closure" que não exisitiu e o tempo foi passando e "crescemos", espero eu. Porque ontem, era o dia de anos dela... E as suas feições, não eram de celebração.


You can change any man
You can change any man
A friend
A tragic end
You can change at any hour
Change the colour of a flower
You can change at any hour
Change a song that needs a change
You can change of opinion everyday
You can change all the rocks you find in your way
Change your mind
Change your life
Change the changes
Change the chances

You can change your shoes
You can change your blues
You can change the colour of your soul
Change your friends
Change your lens
But you know your heart you can't change
Change
You can change the world
You can change a lot more
You can change the girl who lives next door
Change your eye
Day and night
Change your eye
Day and night
You can change your shoes
You can change your blues
You can change the colour of your soul
Change your friends
Change your lens

But you know your heart you can't change
Change

The Gift

And by the way, you can't change any man. Just "the" man. The one who doesn't live in a can(m), his can(m).

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Tenho estado eu a ouvir as músicas erradas?

Antes que alguém me responda a esta questão, digo-vos já que estou a ouvir os singles dos The Smiths e pus em repeat all! Se vou falar um pouco sobre mim, sobre o que se passa nesta cabeçorra, pelo menos nos últimos dias, não faz mal dar-lhe um ar da minha adolelescência que, pelos vistos, ainda persiste...

Ano novo, vida nova... Será? Sinto que desta vez, será um ano de mudanças e viscerais. Esqueçam lá as radicais, tudo tem que começar por algum lado, tudo tem as suas origens, dignas ou não, não importa, mas nada aparece assim, do nada, suspenso no ar. Excepto as cacas de pombo! Que ainda por cima são uma fraude! Já apanhei com uma ou duas e? Nada! Mas eu continuo a gostar de pombos...num arrozito à maneira! Just kidding, não gosto de arroz!!!! :-)

Bem, mas falando em coisas suspensas no ar, sinto que ainda vou acabar numa cruz, suspensa no ar ou pelo menos com um ar bastante instável. E porquê? Sei lá! Ainda estou à espera que alguma tia de Cascais ou do Estoril, não sou esquisita, escreva um livro sobre mim ou sobre alguém parecido comigo! Olha, a Sara Tavares! Não me digam que ainda não tinham reparado quão parecidas somos. A diferença é que eu falo mais crioulo do que ela... Tirando isso, somos a cara chapada uma da outra - tirando os olhos esbugalhados dela, a sua voz de asmática e o seu prolixo e profíquo rol de canções de embalar, bilíngues (Sara, se estiveres a ler isto, sister, este último termo quer dizer, duas línguas, exemplo - de porco, de vaca - como na cachupa!).

Mas não estamos aqui para falar das minhas sisters (Mariza, não fiques com ciúmes da Sara. Ela canta em duas línguas, tu cantas tantas ao mesmo tempo que não se percebe porra do que dizes. Mas dá-te estilo! Dá-lhe sister! Tá-se! Esse teu ar de Alien, conquista muitos fãs! Bem jogado). Quanto a mim, entrei neste novo ano a pensar e agora?

E, apesar de escrever mais para mim, para manter a minha sanidade, gosto que leiam quando vos apetece e que comentem, também se vos apetecer e o que vos apetecer! Por isso, hoje este monólogo é também para vocês. Quem sabe se temos algo em comum? Se tiverem este cd dos The Smiths, a capa, tem sido a minha cara e postura nos últimos dias. Não sei se é de tristeza, de sedução, de ansiedade, de dormência ou sonhadora. A minha? De alguma dormência e, ao mesmo tempo, de vontade de rasgar, de gritar, de mandar umas bacuradas para o ar, de insultar alguém gratuitamente (era incapaz...bolas), de deixar-me ser usada sexualmente, por alguém giro - em sonho ou na realidade - sentir-me suja, meter-me de seguida no chuveiro e cantar, gemer e pensar na máquina de roupa que teria que fazer a seguir. Como gostava de ter uma máquina gigante, de lavar, silenciosa e punha-me lá dentro, com os lençóis sujos, ainda quentes, com vestígios de luxúria, egoísmo e passividade premeditada. Ah! E que tivesse música, talvez aproveitando o depósito da lixívia (nunca sei qual é que é) e incluía-se uma mini jukebox. E poria uma playlist, diversa, controversa, com uma ou duas músicas riscadas...talvez Rage against machines ou Nick Cave ou Tom Waits. E literalmente via e ouvia a minha vida a passar, ininterruptamente e a 360 graus. Centrifugação? Sim, e das prolongadas.

Depois de toda espremida e com ar de passarinho molhado, entregava-me voluntariamente ao homem dos meus sonhos, já tornado realidade e ao som de...deixem-me pensar... Roads, Portishead, cantava, dançava e representava a cena do crime. E, lá pelo meio, perguntava se ele ainda me recebia de volta, ou se o perdão não se aplicava a pessoas como eu, loucas, de acordo com a sua visão ou de outros. Ou se, de tanto ter sido espremida, mais perto dele conseguia estar, mais o seu corpo sentia o meu, e a minha alma, ainda ensopada e escorregadia, se misturava com a dele e teríamos de viver, juntos e ele tornar-se-ia cúmplice de algo ainda por definir? Tantos ses...

And now, babies and worms... Foi mais ao menos assim como começou o meu ano novo. Tinha 31 anos e, fantástico, continuo a ter 31. Não deverias mudar de idade, já que é suposto ser tudo novo? Afinal, esta data, o dia 1 de Janeiro, é só um ponto de orientação. E eu que nunca liguei a essa treta! Agora, estou desorientada, claro! Que idade é que teu tenho? Sei lá! Entregaste o irs dentro do prazo? Sei lá! Entrego sempre em alturas diferentes, todos os anos. Afinal, não é um ano novo, não faz sentido nenhum entregar sempre tudo pela mesma altura! Tudo muda! Ou não muda?! Oops... (Girlfriend in a coma, é a música que está a dar neste momento. Estão a dar-me baile! Ainda tira o cd! Vocês não sabem nada! Vai fazer uns abdominais, ó atarracado!)
Whatever, a questão é que, 2007 reserva-me muitas supresas e não sei como reagir. Nunca estive em coma, o mais perto foi meia garrafa de Tequilla, a seco, o chão da casa de banho da casa dos meus pais e tecto a girar... Não é a mesma coisa, pois não? É?

Como é que começou o meu ano? Estou sempre a enrolar a conversa, será que teria a mesma destreza a enrolar ganzas? Isto fica para outro ano...
O meu ano começou bem e à espera do mal que por aí viesse. Estive com gente bonita, amiga, sangue do meu sangue que corre com a mesma energia e alegria que o meu. Comemos, cantámos um pouco e desafinados, também temos o direito de desafinar, seja de propósito, seja este um dom natural, um caril de camarão inesquecível e doze passas em cima de uma cadeira à meia-noite de cá e de lá. A cadeira não era minha, logo, começava em vantagem! Dia 1, mais uns amigos, encontros e desencontros, algumas enfermidades vindas dos últimos suspiros de 2006, caras alegres e novidades estonteantes...e um telefonema. O que eu já esperava. (Tenho que comprar um telefone vermelho, dos antigos. Nessa altura, teria pedido a todos para saírem da sala ou para fazerem barulho que nem loucos. ) Mas, escutei atentamente, ainda consegui ficar levemente surpreendida, afinal, ainda era dia 1, não de Abril, mas era um dia 1. E o dia a seguir, seria dia 2. O que é que mudaria? Nada. E não era nenhum amante a pôr um ponto final na nossa relação e na minha ralação, não era o tal giraço dos meus sonhos - os telemóveis irritam-no, mas o que foi dito ao telefone, era algo pelo qual já havia passado e que até já as crianças entendem quando ouvem - "precisamos de ter uma conversa. Quando tens tempo?". Preferia a versão antiga, que acontecera comigo: "não vou estar com meias medidas. Pus-te os cornos" - this charming man. Acreditem, até foi hilariante, mais tarde claro! Mas já não se fazem homens assim! Com barba rija!

A história do não és tu, sou eu, ou o problema está em mim, pessoal, continua a ser a melhor!!! A táctica de dizer, tu és isto ou aquilo, tu não pões a tampa da sanita para baixo, fazes buracos na manteiga, espremes a embalagem da pasta dos dentes a meio, deixas as portas do armário, os teus sapatos estão sempre à entrada, não resulta!!!!! Aliás, tirando a tampa da sanita, acho que faço quase tudo o resto... Ninguém é perfeito! Graças a Deus, né? Por isso, K.I.S.S - Keep It Simple Stupid!
A seguir ao telefonema, veio a tal conversa que, acreditem, tal como a primeira que envolvia uns cornos, foi no meio da rua e de um jardim - desta vez palácio - quando tiver uma cadela vou chamá-la de Diana.. - e começou com os ataques à charming man. Mas depressa, muito depressa, foram-se os argumentos e a cat woman, pôs as suas garras de fora. E o charming man, transformou-se num soldadinho de chumbo, daqueles que se vendem no "Boy's 'r us", também conhecido por "Toys 'r us". Mandou mais uma ou duas bojardas, tentou amansar-me, esqueceu-se que, mansinha, só de nome e para quem me quer bem. E assim terminou um ano de trabalho, com uma excelente prestação minha, no meio de um campo de guerra sui generis, como diriam alguns comparsas meus, cheio de fufas camionistas! :-) E eu, pensei, se é para acabar, que seja, à séria, deixei de ser "corista" e recuso-me a ser chorista ou chulista! O português é uma língua tão divertida.

(larguei os The Smith e resolvi experimentar Gnarls Barkley - Crazy, St.Elsewhere e Smiley Faces - para animar a coisa e para relembrar o Rei que partiu em 2006! James B., também ganhou o seu lugar na história da música.)

Continuando com este meu desfecho de relação, fez-me lembrar uma série cómica, "How I've met your mother", que a dada altura, um tipo decide voltar a andar com uma ex, cujo namoro ele terminara por telefone, deixando uma mensagem no voice mail dela, no dia de aniversário dela...e na altura, quando ele deixou a mensagem,estavam lá todos os amigos dela, para a festa e todos ouviram a mensagem. Anos mais tarde, lá voltam a andar e ele conclui, uma vez mais, que deve acabar. Mas que não há problemas, pois ela até faz Krav Maga (arte marcial e mortal, dada às tropas israelitas)...uma espécie de Yoga, pensa ele. A tareia que ele levou, foi fixe...e, claro, que era dia de aniversário dela,uma vez mais.
Eu como não sei Krav Maga (está na minha to do list antes de bater as botas!), disse o que tinha a dizer, convictamente e o soldadinho de chumbo, começou a perder os argumentos que nunca teve e tentou amansar-me. Claro que a primeira atitude que tomei foi cortar todas as "ralações" que tinha com ele. Há quem ache errado, que eu devo ficar por gostar do que faço e porque o faço bem, mas não consigo calar a boca quando vejo injustiças, trafulhices, ordinarices e ervilhas com ovos escalfados! Não consigo ficar serena e deixar as coisas passarem. Nem sempre me foi permitido dizer ou falar o que penso. Agora que posso, desviem-se. Não o digo sem pensar e nunca pretendo ofender ninguém. Mas se por o fazer, me considerarem "opinista", palavra tão idiota e tão pretensiosa e que, já agora, se diz "opiniosa"... e que quer dizer teimoso, presumido, presunçoso... azar o vosso. Não sou nenhuma santa, nem perfeita,mas tenho uns tomates para aqui escondidos. Mesmo que sejam de tamanho cereja, são meus. E só os mostro quando me provocam ou quando vejo que tenho que pôr os pontos nos iiiii's.

Por isso, fazendo o re-sumo da coisa, mostrei os meus tomates, tentaram fazer de mim ketchup, mas como os meus cherry tomatos são pequenos mas fugidios e suficientemente grandes para engasgar um elefante, só viam graínhas a voar! (Digam não aos opressores de tomate!!!)

As previsões para 2007, ainda não sei quais são. Uma rapariga, assim do nada, disse-me que ia ser mãe. Não me importava, desde que esteja em Londres, no seu encantador ar cinzento e frio, com montes de coffee shops, museus, teatros,ópera e música, muita música. Se não for londres, st.elsewhere, desde que eu continue livre e inteira, no meu corpo, com a minha mente e ideiais e com o meu Manso, claro. Por isso, acho que tenho estado a ouvir as músicas certas e tirando um estilo ou outro, as letras contam, para mim, contam, sempre. Já o tamanho...esse também conta! Salvo raras excepções... :-) 2007, vem, caraças! Estou cá para o que der e vier! E de manso, lá te vou dando as porradas que mereceres. Ou então, be a good toy...:-)


"And I hope that you are having the time of your life
But think twice, that's my only advice
Come on now, who do you, who do you, who do you, who do you think you are,
Ha ha ha bless your soul
You really think you're in control

Well, I think you're crazy
I think you're crazy
I think you're crazy
Just like me

My heroes had the heart to Lose their lives out on a limb
And all I remember is thinking, I want to be like them
Ever since I was little, ever since I was little it looked like fun
And it's no coincidence I've come
And I can die when I'm done

Maybe I'm crazy
Maybe you're crazy
Maybe we're crazy
Possibly"

G.B - St. Elsewhere


domingo, janeiro 07, 2007

we're absolute beginners...


7 de Janeiro, data a relembrar sempre e com estilo (estou engripada de pijama, mas tenho dois pares de meias e isso é ter estilo!)! Parabéns, David e se não tiveres com quem passar este dia ou outro, podes sempre contar comigo! Eu sabia que tínhamos algo em comum - fazemos anos 8 meses e 21 dias depois um do outro! Já viram?! Não há coincidências... :-)

"I've nothing much to offer, there's nothing much to take; I'm an absolute beginner, and I'm absolutely sane; As long we are together, the rest can go to hell (...) If our love song..."

p.s - Obrigada, D.S