quinta-feira, novembro 09, 2006

O sentido da vida, Kupessa?

Questões como esta devem estar a passar, neste momento, pela cabeça de um amigo, de um irmão meu. A sua mãe morreu, há quase dois dias, ele soube ontem de manhã. Ele, foi encontrado, de manhã, estendido no chão de casa a chorar. Pensava-se que estava a brincar... A sua mãe, está longe, sempre esteve, mas o seu coração esteve sempre perto do dela. O seu maior desejo e objectivo de vida, era estar com ela, fisicamente, viver debaixo de um mesmo tecto. E aí, ver a sua cara, voltar a conhecer os contornos do seu rosto, sentir o seu odor corporal, passar a mão pelos seus cabelos, outrora noviços e brilhantes. E quem sabe, passar o resto da sua vida, ao seu lado. Separados muito cedo, poucas recordações ele guarda dela. Mas são boas e são essas que nos fazem continuar a nossa vida. Dizia-me ele, "quando eu fazia asneiras, de criança, ela não me batia, pois se eu chorava ela também chorava comigo." As suas lágrimas andavam sempre juntas. Achei isto tão bonito... E estava tão perto, a concretização do sonho dele, do seu objectivo. E de repente...desapareceu no ar. O mesmo ar onde ecoavam as palavras trocadas entre os dois, entre uma mãe e um filho que, a vida levou para longe, para mais tarde voltar... De uma maneira estranha, ele poderá, contudo, espreitar os contornos da face da mãe e, quem sabe, reconhecer-se a si mesmo, nesses mesmos contornos. E, poderá dizer que, apesar de tudo, tiveram um último encontro, em territórios diferentes, igualmente distantes e semelhantes aos milhares de quilómetros que os separavam, mas a vontade de lá estar, perto dela, é muito maior, dolorosa e mais poderosa...

"A butterfly flies through the forest rain
And turns the wind into a hurricane
I know that it will happen
'Cause I believe in the certainty of chance
A schoolboy yawns, sits back and hits return
While round the world computers crash and burn
I know that it will happen
'Cause I believe in the certainty of chance
And I believeI can see it all so clearly nowYou must go and I must set you free
'Cause only that will bring you back to me
I know that it will happen
Because I believe in the certainty of chance

Sometimes at night the darkness and silence weighs on me. Peace frightens me. Perhaps I fear it most of all. I feel it's only a facade, hiding the face of hell. I think of what's in store for my children tomorrow; "The world will be wonderful", they say; but from whose viewpoint? We need to live in a state of suspended animation, like a work of art; in a state of enchantment... detached. Detached. " - The Divine Comedy

4 Comments:

Blogger Gonçalo Franco said...

todos os dias me lembro da minha mãe

1:02 da tarde  
Blogger Tokitoka said...

Acredito... Eu não me "lembro" da minha mãe, todos os dias. Acho é que ela está dentro de mim, todos os dias e que ela "vive" comigo. Quando choro profundamente, lembro-me dela e do seu choro. Por vezes, ou muitas vezes, estou a fazer coisas que me dão imenso prazer e que gostaria de as ter feito com ela e para ela. Quando ouço Depeche Mode, lembro-me dela, ela também era fã deles... Tal mãe, tal filha.

11:36 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eu, todos os dias, a todas as horas, em todos os segundos, tenho o meu querido irmão no pensamento.
E, tal como a Nina, gostaria tanto de ter partilhado tanta coisa com ele, e quado faço alguma coisa que sei que o meu irmão gostaria, sinto uma imensa tristeza por não estar a partilhar isso com ele. Há músicas que não consigo ouvir, porque o meu irmão as adorava e começo num pranto. Aliás, desde o falecimento do meu irmão deixei de ouvir mísica. Televisão também é raro ver, porque estou sempre "com medo" que passem filmes que via com o meu irmão. O meu irmão partiu e a minha vida mudou, completamente. Vivia para ele, eramos muito chegados, tinha um amor doentio pelo meu irmão. E a ideia da morte deixou de me assustar, há pessoas que quando perdem um ente querido passam a dar mais sentido à vida, eu passei a dar menos do que ela já tinha, chego a desejar morrer para poder estar "ao pé" do meu irmão. A vida é tão injusta. Injusta de mais para poder acreditar em algo. Não acredito em nada, nem na reencarnação. Sempre achei que as pessoas "têm que inventar um Deus" para dar algum sentido à vida. Eu não tenho que inventar Deus nenhum, não tento fugir das coisas. Porque tem que haver algo superior? Nós, neste mundo, não somos nada. Isto é apenas uma passagem, uma passagem do nada para o nada. É o que eu sinto, cada vez mais. Desculpem-me se feri mentes susceptíveis.

a.p.v.

5:44 da tarde  
Blogger Gonçalo Franco said...

de facto...
há coisas que vou vivendo que me fazem pensar que seria bom e interessante partilahr com ela...

9:44 da tarde  

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